Polícia indicia ex-síndica e dois funcionários pela morte de menina de 7 anos atingida por pilar em condomínio no Rio
05/05/2025
(Foto: Reprodução) Maria Luísa brincava com outras crianças em uma rede do prédio onde morava quando a estrutura despencou sobre ela. Os três indiciados respondem por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, mas com aumento de até um terço da pena por não terem observado regras técnicas. Polícia indicia três pessoas pela morte de menina de 7 anos atingida por pilar em condomínio no Rio
A polícia indiciou três pessoas pela morte da menina Maria Luísa Oldembergas, de 7 anos. Ela balançava em uma rede quando um pilar caiu em cima dela, num condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
As investigações revelaram que a pilastra que caiu não era original do prédio e foi construída fora das normas técnicas. Ela foi refeita em 2020 sem qualquer projeto.
A polícia analisou o projeto de construção da área do condomínio, no Recreio, além da execução dele e as modificações feitas ao longo do tempo.
Segundo a polícia, o resultado da perícia complementar foi fundamental para a conclusão das investigações.
“Em 2020, houve um uso daquela rede, sendo que o pilar apresentou uma oscilação. Não caiu, a rede chegou a cair, mas não o pilar. Só que eles entenderam que era necessário reconstruir o pilar. Só que foi totalmente reconstruído de forma não observando os critérios técnicos de construção", disse o delegado Alan Luxardo, da 42ª DP (Recreio).
A polícia apreendeu a nota fiscal de compra do material utilizado para a obra, como cimento, areia e ferro. Logo abaixo, o local onde ele seria usado: espaço zen.
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Reprodução/TV Globo
O caso aconteceu no início de março. Maria Luísa brincava em uma rede com outras amigas quando uma das pilastras caiu em cima dela. A menina chegou a ser socorrida por bombeiros, mas sofreu uma parada cardíaca e morreu no local.
A polícia indiciou Allan Dias Botelho da Silva e Pedro Fernandes da Silva, funcionários do condomínio e que fizeram a obra, e Rosângela Menezes dos Santos, síndica na época.
Os três vão responder por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, mas com aumento de até um terço da pena por não terem observado regras técnicas.
No relatório, a polícia destaca que dois os funcionários não tinham habilidades específicas, tampouco conhecimentos técnicos para a execução do serviço de colocação do pilar em substituição ao anterior.
O documento aponta ainda que quem ordenava diretamente as obras, reformas e reparos que a equipe de manutenção deveria fazer era Rosângela Menezes dos Santos.
Ainda no documento, a polícia afirma que há indícios de que a síndica não exigia mão de obra qualificada e adotou uma postura negligente.
"Qualquer obra estrutural tem que ser feita por um responsável técnico, por um engenheiro, por um arquiteto, que tem habilitação específica para a atividade. Infelizmente, não é o que ocorre na maioria das vezes. Então, a gente se depara com situações que uma obra estrutural é feita por um profissional não habilitado. Às vezes, pode ser um serviço malfeito. E é fundamental impedir uma tragédia", falou o delegado.
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Reprodução/g1
O que dizem os citados
O condomínio Puerto Madero disse que vem auxiliando a polícia desde o início das investigações e que também está dando total apoio à família da menina Maria Luísa.
Rosângela Menezes dos Santos, a ex-síndica do condomínio, disse que estava em atendimento hospitalar na tarde desta segunda-feira (5) e que ainda não havia sido informada do indiciamento.
As defesas de Allan Dias Botelho da Silva e Pedro Fernandes da Silva disseram que eles não tiveram qualquer responsabilidade na tragédia e que a verdade dos fatos será esclarecida.